O Brasil gostando do Brasil
O Brasil é um pais controverso, pois só gostamos de um produto genuinamente brasileiro, a seleção brasileira de futebol. É preciso ampliarmos este leque de opções que tornariam nós brasileiros orgulhosos de sermos brasileiros. Só depende de nós. Se ganhamos o nosso salário como consequência de exercermos nossa atividade profissional aqui no Brasil, temos que aumentar um pouco e gradativamente, o consumo de produtos genuinamente brasileiros, antes que os mesmos desapareçam.
A maioria das indústrias estavam localizadas nas regiões sudeste e sul do Brasil. Hoje já temos indústrias montadoras de veículos, produtos de higiene e limpeza e de óleo de soja localizadas no nordeste brasileiro. No Centro-Oeste, temos indústrias montadoras de veículos, bem como agroindústrias ligadas ao milho. Os produtos destas indústrias se encontram a venda também no sudeste e sul do Brasil.
Adquirir tais produtos, é um incentivo para se descentralizar industrialmente o Brasil, para que a população das demais regiões brasileiras diminuam sua migração para o Sudeste e o Sul do Brasil, em busca de trabalho. A continuidade desta descentralização depende de nós enquanto consumidores, de observarmos esta informação na hora de consumir.
O Brasil é um país moderno, pois sentimos que executamos várias tarefas diferentes dos nossos pais, tios e avós. Mas, a última tarefa deste texto, nós agimos de modo idêntico aos nossos ancestrais.
Namoramos diferente
Antigamente, quando se interessava por um namoro, o pretendente se dirigia até casa da pretendente e pedia a mão da mesma em namoro, ocasião em que a família dela fazia diversos questionamentos ao pretendente de namorado sobre a família do mesmo, bem como sobre suas intensões no namoro.
Nos dias de hoje, o rapaz conhece a namorada e no final de semana seguinte a leva para dormir em sua casa ou então leva para namorar num motel, que é um tipo de estabelecimento adaptado no Brasil para receber casais que pagam para ficar a sós durante algumas horas num quarto do mesmo e, em seguida, pagam pela permanência e vão embora. A origem deste tipo de estabelecimento é de fora do Brasil e é construído na beira das rodovias e destinado à pernoite de motoristas em viagens longas.
Nossos ancestrais montavam suas famílias uma única vez, para durar para sempre até o final de suas vidas.
A medida que o tempo passou, as tensões no trabalho, no trânsito, bem como os programas televisivos noturnos, dentre outros fatores levaram ao enfraquecimento familiar. Atualmente, montamos e desmontamos nossas famílias como quem troca de roupa. Existem até famílias que já nascem desmontadas. Mudamos até de religião para termos casamentos seguidos em cada igreja.
Estudamos diferente
Antigamente as opções de estudo técnico e superior se concentravam nas capitais brasileiras, com ensino de qualidade e bancado predominantemente pelo Governo Federal. Atualmente, as escolas do Governo Federal têm criado unidades pelo interior brasileiro, além da concepção de unidades privadas e até o constante avanço das unidades que praticam educação a distância (ead).
Nos comunicamos diferente
O telefone fixo era algo semelhante a uma joia que as famílias tinham e os ostentavam nas salas de estar. Quando estávamos no local de trabalho e precisávamos telefonar para nossas casas, tínhamos que nos dirigir até a mesa dos nossos chefes, para pedir permissão aos mesmos e usar o telefone da empresa para efetuar uma ligação telefônica, sem privacidade alguma, pois o chefe ouvia todo o teor da nossas conversas ao telefone.
Para se adquirir um telefone fixo era preciso esperar que a única operadora de telefone do seu estado, que era estatal, anunciasse um novo plano de expansão, para que os interessados fossem se inscrever. Recebia-se um carnê a ser pago em 2 ou 3 anos. Após este prazo, tinha-se que aguardar a instalação da linha junto com o aparelho.
Atualmente, uma linha é solicitada e, em até 48 ou 72 horas a instalação é realizada e a linha é paga junto com a primeira conta do telefone.
Já os aparelhos celulares, você vai até uma banca de revista mais próxima, adquire um chip, compra um aparelho pela internet, monta um no outro, e ele está pronto para efetuamos diversas tarefas com o mesmo, inclusive as ligações telefônicas a qualquer hora e local.
Para se adquirir um telefone fixo era preciso esperar que a única operadora de telefone do seu estado, que era estatal, anunciasse um novo plano de expansão, para que os interessados fossem se inscrever. Recebia-se um carnê a ser pago em 2 ou 3 anos. Após este prazo, tinha-se que aguardar a instalação da linha junto com o aparelho.
Atualmente, uma linha é solicitada e, em até 48 ou 72 horas a instalação é realizada e a linha é paga junto com a primeira conta do telefone.
Já os aparelhos celulares, você vai até uma banca de revista mais próxima, adquire um chip, compra um aparelho pela internet, monta um no outro, e ele está pronto para efetuamos diversas tarefas com o mesmo, inclusive as ligações telefônicas a qualquer hora e local.
Trabalhamos diferente
Na época de nossos pais, tios e avós, trabalhar era sinônimo de ingressar numa empresa aos 9 anos de idade e nela trabalhar até chegar a aposentadoria.
Atualmente, trabalhamos diferente de nossos pais, tios e avós. O trabalho virou sinônimo de trocar de roupa pois ingressa-se numa empresa hoje, amanhã já estamos em outra. O trabalhador se viu diante de um concorrente incrível. Trata-se da automação industrial, tendo o robô como o mais semelhante ao ser humano. A exigência das empresas por qualificação é constante, cursos de aperfeiçoamento também.
Noutro dia já estamos trabalhando em outra empresa, numa função diferente das anteriores.
Temos ainda o trabalhador que trabalha fora do local de trabalho, em geral em casa. Este ofício tem o nome pomposo de home worker, algo impensado na época de nossos ancestrais.
Noutro dia já estamos trabalhando em outra empresa, numa função diferente das anteriores.
Temos ainda o trabalhador que trabalha fora do local de trabalho, em geral em casa. Este ofício tem o nome pomposo de home worker, algo impensado na época de nossos ancestrais.
Compramos diferente
Compramos produtos de modo diferente dos nossos ancestrais. Antes, havia uma preocupação com o que gostaríamos de comprar e os bens duráveis duravam muito pois além de resistentes não se modificavam os modelos, desenhos e cores com a frequência com que se faz hoje. O valor do bem era fato mais que importante. A maioria das compras era feita ou a vista, em dinheiro, ou a prazo nos carnês da própria loja.Atualmente, compramos mais vezes o mesmo bem, antes durável, agora descartável. A preocupação com o preço do mesmo praticamente desapareceu. É mais importante saber se o valor da prestação cabe no nosso orçamento. A taxa de juros, diga-se de passagem, uma das maiores do mundo, é ignorada pela imensa maioria. E o lojista bem como as financeiras, é claro, sabem disto. Trabalhamos cada vez mais para remunerar melhor o capital das lojas e das financeiras.
Quando as concessionárias de rodovias, assumem seus trechos, recuperam-as conforme inauguradas num passado remoto. Em seguida montam as praças de pedágio para arrecadar dinheiro e com ele iniciar as duplicações. O curioso é que nós reclamamos pois já estão arrecadando dinheiro sem ampliar a rodovia. Mas, é exatamente assim que deveríamos fazer com as nossas finanças, ou seja, guardar dinheiro primeiro para depois adquirir os bens de consumo pretendidos e a vista, pois consegue-se aí generosos descontos. Com as taxas de juros brasileiras, historicamente uma das maiores do mundo, seria economicamente e racionalmente impensado, adquirirmos algo a prazo, mas nós adquirimos.
Já ouvi trabalhadores declararem que ficam perdidos, ou seja, sem saber o que fazer com parte do salário se não tem um carnê para pagar.
Importamos igualmente
Importamos igualmente
Mas, tem um item que fazemos de maneira idêntica dos nossos ancestrais. Na hora de comprar, entre um produto brasileiro e um importado, sem pestanejar, optamos por um produto importado. Logo, é difícil falar de inovação de produto. Qual produto? Cada vez menos fabricamos algum produto. As poucas empresas brasileiras, ou abrem falência, ou são absorvidas por uma multinacional, ou ainda existem setores em que aqui no Brasil é bastante dinâmico, mas você não encontra nenhuma empresa genuinamente atuando neles. Pneus, carros de passeio, caminhões pesados, telefones celulares, dentre outros setores. Nem sequer observamos este grandioso detalhe na hora de consumir.
Já tivemos 2 fábricas de aparelhos de som no Brasil, mas com a enxurrada de outras vindas de outros países, uma delas desapareceu e a outra está relutando para sobreviver em meio a uma recuperação judicial.
Já tivemos 2 fábricas de aparelhos de som no Brasil, mas com a enxurrada de outras vindas de outros países, uma delas desapareceu e a outra está relutando para sobreviver em meio a uma recuperação judicial.
Reclamávamos que tínhamos apenas 4 fábricas montadoras de carros de passeio no Brasil durante décadas. Hoje temos ao menos 11 fábricas que montam carros de passeio no Brasil e ainda assim importamos carros de passeio. Você duvida que temos? Então vamos contar juntos: as 4 fábricas de outrora, mais 3 japonesas, outras 3 francesas, e 1 fábrica de origem coreana. Observe que nenhuma delas genuinamente brasileira. Quem se atreve a conceber uma? Nem fábrica de pneu genuinamente brasileira temos!
E o pior, que isto já virou cultura, pois quando observamos os setores novos como os de informática. Cada inovação de um software ou hardware já é feito certos de que as empresas fundadas serão, mais dias ou menos dias, absorvidas por uma empresa maior, em geral, uma multinacional.
Temos a terceira maior fabricante de aeronaves do mundo. Mas, a maioria da população brasileira desconhece este fato. Faça você uma pesquisa com seus familiares e amigos. Em quais operadoras de linhas aéreas estão operando estes aviões brasileiros de turbinas a jato?
Inovar o quê?
Como pensar e praticar constantemente a INOVAÇÃO se temos poucos produtos brasileiros? Como inovar algo que não existe?
Em função do tamanho da população e do tamanho da economia brasileira, é extremamente baixa ainda hoje, a relação entre as empresas e as entidades de ensino, como as universidades brasileiras. Esta relação só é ampla nas áreas biomédica e econômica. A área biomédica é acionada quando temos alguma doença nova, para ser pesquisada, mediante pressão da população, das redes sociais e da imprensa. Já a área econômica é pinçada para calcular e justificar os diversos índices de inflação e justificar o desemprego, dentre outros.
Uma relação bastante estreita aqui no Brasil, de se tirar o chapéu, existe na agricultura. Trata-se da parceria entre o campo e a Embrapa. Nesta parceria, os técnicos agrícolas e os engenheiros agrônomos conseguem ouvir e serem ouvidos pelos agropecuaristas.
Aliás, é bom ressaltar que estamos assistindo a uma inovação constante na agropecuária brasileira em todo o território brasileiro, até mesmo na sua Confederação Nacional, pois até presidente mulher a CNA já teve, ao passo que a CNI, cujas ações estão predominantemente realizadas num único estado da região sudeste do Brasil e além disso não teve uma mulher como sua presidente.
Se tivéssemos uma parceria no mesmo nível na indústria, penso que os tigres asiáticos teriam o Brasil como um concorrente a altura deles. Temos que reconhecer que eles nos ultrapassaram e está cada vez mais difícil alcançá-lo. Enquanto isto, o Brasil se preocupa apenas em contemplar os países da América Latina com seus produtos industriais. Uma honrosa exceção é a Embraer.